Fala, “Proseiros” de plantão, vamos trocar “dois dedin de prosa”? Esta semana, numa daquelas discussões de grupos de Whatsapp, surgiu o assunto, valores de shows. Quando se trata de dar valor a algo que é de outra pessoa, nós podemos estar pisando num terreno muito delicado. Eu mesmo sempre fui partidário da seguinte opinião, “Nunca deixe que alguém coloque preço no seu produto. Você é a única pessoa que realmente sabe o quanto vale seu trabalho”.
Porém quando o assunto é valor de show, os empresários e até mesmo as duplas podem cair numa série de armadilhas. Ao longo de nossa prosa vamos falar um pouquinho sobre essas armadilhas.
Antes de mais nada, quero citar uma conversa “épica” que tive com o cantor Sorocaba. Alí, ele nos expôs seu ponto de vista sobre o mercado musical e as duplas que realmente estavam em ascensão. O mais interessante foi a maneira como ele analisa o “business” musical. Vou tentar aplicar o que conversamos ao tema em questão. Imagine que cada dupla ou artista sertanejo seja uma “marca”. Assim como existem marcas que já estão consolidadas há anos, existem aquelas que a cada dia lutam para entrar no mercado. O primeiro caminho que essas marcas devem tomar é justamente oferecer valores mais competitivos ao mercado com o objetivo de buscar uma maior pulverização. Daí comprovada pelos consumidores a qualidade do produto, esta começa a ganhar renome e por fim conquistar seu lugar no mercado.
Com os artistas sertanejos se dá o mesmo. Quem é do ramo sabe que são inúmeros os artistas que procuram seu lugar ao sol neste meio. Sejam duplas ou cantores solos, a cada dia algumas dezenas de dupla aparecem no cenário e todas elas passam por esse primeiro processo que falamos no início, o de buscar a aceitação do mercado. Mesmo as duplas mais respeitadas e que hoje tem uma carreira quase inabalável, já passaram por isso.
Agora vamos à primeira armadilha, o tal do “Hit”. Alguns cantores ou duplas conseguem num momento de felicidade emplacar uma música, seja nas rádios ou até mesmo em novelas de grande audiência. Pronto, a música “Tal” de “Fulano de Tal” acaba de “bombar” Brasil a fora. O empresário que não é bobo nem nada, vai lá e faz o que? De uma hora para outra um show que custava R$ 20 mil, passa a custar R$ 80 mil. Aonde se esconde a armadilha nesse caso?
Primeiro, muitas duplas não conseguiram emplacar seu segundo ou terceiro “Hit”. E aí? Bom, o show que custava 80, agora custa 70, depois custa 40 e por fim, com muita sorte volta para os R$ 20 mil do começo da carreira. Isso pode acontecer com qualquer um, pois as circunstâncias que podem levar à este quadro são inúmeras. Mas este processo, quando se trata de um “artista de um hit só” acontece muito, mais muito mais rápido mesmo. Por que? Porque o artista não trabalhou a sua “marca” ou o seu nome, mas focou seu trabalho em cima desse único “Hit”.
A segunda armadilha também é letal, e se chama “A maldição dos ganhadores de Reality Show”! Isso mesmo, não se sabe até que ponto é bom ou não ganhar este tipo de programa. A exposição e a mídia que o artista ganha ao ser campeão destes realitys musicais é algo muito além do que se sempre sonhou. Porém isso é muito passageiro, na realidade, muito antes de uns seis meses, muita gente nem lembra o nome da dupla que ganhou tal programa. Salvo a exceções Thaeme Mariôto e Hugo & Thiago, eu sinceramente não lembro os nomes de ganhadores de outras edições desses realitys musicais. É muito fácil se iludir com toda essa exposição e acreditar que o sucesso está garantido e aí está a armadilha e é aí que mora o perigo. O empresário compra essa idéia e também de uma hora para outra joga os valores de shows lá nas alturas. Humildade e muito trabalho são essenciais para que a carreira desse tipo de artista sobreviva aos seus primeiros anos. E se a carreira não decolar como previsto? O caminho é o mesmo que o do primeiro caso.
Resumindo, a coerência e o conhecimento das “manhas” do mercado são essenciais para que se conquiste uma carreira sólida e duradoura. É muito melhor ganhar menos dinheiro por muito tempo, do que ganhar muito de uma vez só, por pouco tempo. Pensem nisso e até nosso próximo “Dois Dedin de Prosa”.