Para nós que somos amantes da figura sertaneja mais querida entre todos os artistas e mais imitada (independente de idade ou geração), por conta de sua voz e seus trejeitos, perder assim José Rico de forma tão repentina não deu a nós chance de nos prepararmos, e só resta a nós agradecermos por tudo que com seu parceiro Milionário fez pela nossa música.
A perda de Zé Rico é “daquelas de dói demais”, como se fosse ele um membro da nossa família, pois se tratava de um artista que só orgulhava quem bate no peito para se dizer fã de música sertaneja.
O “Zum”, como era apelidado justamente por chamar as pessoas dessa forma (para não errar o nome de ninguém), foi uma das principais vozes da música sertaneja, aqueles ídolos nos quais deveriam ser eternos, mas a estrada da vida é um pouco amarga às vezes.
Zé Rico ficou marcado por sua interpretação, seu sotaque acentuado nos “erres”, e principalmente por um sofrimento nas canções muito inspirado em Pedro Infante, cantor mexicano do qual também gravou algumas versões e trouxe ao nosso universo sertanejo.
Conversar com o Zum era um prazer para quem gosta de música, era também uma aula de simplicidade, ele não tirava fotos ou selfies, com ele era o cordial “Retrato”, pois além de ter convivido com músicos de diversas gerações, ele era uma enciclopédia de canções, recitava uma canção da década de 1940 com a facilidade com que canta uma do último disco. Contava histórias que viveu com Teixeirinha, Raul Seixas ou tantos outros que a gente imortalizou através da música como se nunca tivessem ido.
Zé Rico se tornou um ícone da música sertaneja pela voz, pelo talento e pela imagem. Os óculos, além de uma questão de estilo, escondiam alguns problemas de visão. A figura imponente, de barba cheia e cabelão, guardava um senhor repleto de manias (dono de mais de 30 automóveis e de um castelo, que construía há mais de 20 anos), mas de risadas muito fáceis e cheio de histórias boas pra contar.
Ver o figurino de Zé Rico com as correntes, com sua célebre “Unha Vermelha”, só pra fazer um estilo como ele dizia foi a nossa homenagem nesse artigo com a foto reproduzida na coluna triste do dia de hoje.
Aproveitando o clichê que será amplamente reproduzido, “o final desta vida chegou”, talvez do jeito que o Zum imaginava. Em plena atividade, com a agenda cheia, respeitado pelos mais velhos e cultuado pelos mais jovens.
Zé Rico, jamais imaginaria que seu maior sucesso seria por acaso a frase mais lembrada no dia triste de 03 de março, mas foi assim que achamos uma forma de agradecer por tudo que você nos fez esses anos todos.
“… mas o tempo cercou minha estrada, E o cansaço me dominou, Minhas vistas se escureceram, E o final da corrida chegou… ” Descanse em paz Zum !!!
Texto: Maurício Ferigato (Aqui Tá No Jeito Especial) #Luto #ZéRico #JoséRico